texto Leonardo Costa
Publicado em 30.04.2024.
Desde o meu ingresso na Faculdade de Comunicação, nos idos dos anos 2000, um grupo em particular chamou minha atenção. Na época o Programa Especial de Treinamento me parecia uma forma interessante de viver de forma mais integrada a experiência universitária, Tentei por duas vezes a seleção para ingresso no programa, e em ambos os processos seletivos não consegui a aprovação. Conto muito essa história para os estudantes, pois as trajetórias não são feitas ou marcadas apenas pelo “sucesso”, mas são uma junção, por diversas vezes fragmentadas, de diferentes tentativas e experimentações.
Num salto da história em 2018, ano do nascimento da minha segunda filha, participo da seleção para tutor do Petcom. Aquele grupo que eu queria ter ingressado como discente agora terá a minha participação como docente, como tutor. O fato de não ter sido aprovado quando eu ainda estava cursando a minha graduação não pesou negativamente na minha jornada até aqui. E, do mesmo modo, não mudou a minha visão e ideia do programa – a não ser que tenha mudado a forma com que eu tentei realizar a tutoria do grupo nesses seis anos. Afinal, a mudança da sigla de Programa Especial de Treinamento para Programa de Educação Tutorial não foi algo feito sem alterar o significado do próprio programa.
Temos critérios e normas estabelecidas pelo Ministério da Educação, mas é a tutoria que age de forma mais direta no dia a dia dos grupos e na forma com a qual determinados encaminhamentos são feitos. Por exemplo, nem todos os grupos PET da UFBA atuam com o número máximo de seis voluntários. Uma questão relacionada com a capacidade física das salas? Pode ser, mas com a pandemia e a migração para um servidor do Discord esse limite não existia mais… No retorno presencial vamos continuar experimentando a sala com 19 pessoas? Vamos! Afinal, quanto mais pessoas podermos agregar nessa experiência melhor, não?
E, para ser exato, 79 estudantes fizeram parte do meu período como tutor. Se no passado os estudantes que ingressavam no programa na Facom ficavam até a realização do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), agora a maioria permanece em média um ano e parte para novas experiências, tais como estágio e iniciação científica… E nesse período dentro do grupo a maior parte busca experimentar ao máximo o que o programa pode oferecer… Afinal, não é em todo ambiente de trabalho que temos uma horizontalidade entre os seus integrantes.
Horizontalidade essa que por diversas vezes coloca em cheque inclusive a figura e a ação da tutoria. Onde intervir? Como intervir? É preciso mesmo intervir nesse momento? Enfim, dúvidas que se colocam na jornada, e que tentam ser respondidas da melhor forma possível, por mais que nem sempre agradem a todos/as. E, já que nem sempre é possível agradar, que tal implementar uma avaliação trimestral dos/as integrantes? Processo que também não satisfaz a todos/as, mas que, ao meu ver, se tornou importante para evitar desgastes recorrentes num grupo onde não há a figura de uma chefia que determina o que deve ser feito e que tem o “poder” de demitir quando não é do seu agrado. Discutir a relação pode, e deve, ser saudável nesse ambiente de aprendizado coletivo.
Entrei no Petcom negando a figura de “pai” que os bolsistas e voluntários às vezes enxergam e externam na tutoria. Afinal, meus dois filhos já tinham nascido, e uma coisa seria a minha vida pessoal e outra coisa seria essa atuação acadêmica. Mas, termino essa jornada borrando a negação inicial, pois o sentimento que fica é de uma família, que nos erros e desacertos no final está (e permanece) unida por laços afetivos.
Fotos em grupo e do editorial da Revista Fraude. Durante a tutoria finalizamos da 16ª à 24ª edição, e em breve teremos a 25ª! Vida longa ao Petcom!
independente dos novos caminhos, leo será uma eterna referência para o PET. é até difícil de imaginar a sua não presença! ler o seu texto me fez sentir muitas saudades dessa experiência da qual até hoje digo que foi uma das melhores que já vivi, e que seria o meu modelo ideal de trabalho. agradeço por todo aprendizado e carinho em sua condução no PET, além do respeito que possuía por nós, estudantes, enquanto pessoas e profissionais em formação! sucesso em sua nova trajetória, leo ?
PAI!
Nossa fase do Petcom está guardada pra sempre na memória ? Sou muito grata a Leo por tanta troca e carinho! Ele foi um tutor incrível, que confiou, incentivou e deu liberdade para nós crescermos. Isso foi essencial para nossa formação, tenho certeza! Sucesso pra você sempre, Leo <3
Das incumbências do fim
Há o adeus
Difícil dizer tchau para as pessoas
Que são e que foram importantes
Não costumo Lembrar do passado
Ou guardar ideias do pet
Mas entre as muitas coisas que marcaram
Meu tempo de facom
Houve Léo
Das coisas que me ensinaste
Aprendi a dizer: não sei
Esperar com passividade
Trazerem um algo que não sei
Leo, tutor
Leo, professor
Leo, pessoa humana
Leo, debochado
Leo alguém que guardo nas memórias
Do coração ❤️