texto Ana Carolina Faria
foto de capa Alan Labisch/Unsplash
Publicado em 14.02.2020.
A Lei Orçamentária estabelecia cerca de R$ 23,7 bilhões para despesas na Educação como um todo. Nos últimos anos, porém, estamos acostumados com os cortes e não seria de se espantar se ele viesse. Ele veio. O governo bloqueou quase 25% do dinheiro que estava reservado para custear esses gastos. Ele veio com tudo. Tudo, menos sentido. Cortar recursos de universidades que estão apresentando queda no desempenho. Está ruim? Então, vamos deixar pior. Qual a lógica? Mesmo que a justificativa fosse verdadeira, a atitude continuaria errada. Mas um passo de cada vez.
O próximo capítulo veio com as reações provando que as três universidades escolhidas são de alta qualidade e avaliações comprovam isso. Nos perguntamos, portanto, por que essas três? Ah, a tal da balbúrdia! Mas que balbúrdia? O ministro Abraham Weintraub responde: “Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus”. Por que o MEC se nega a dar uma explicação, no mínimo, razoável? O campus universitário é frequentado por muitas e muitas pessoas diariamente, assim como outros espaços coletivos em que, eventualmente, algo desviante é percebido. Mas aí eu lanço a pergunta de um tal de Jorge Quintas que apareceu no meu instagram: “Vamos fechar o país por que alguém ficou pelado?”.
Pego no pulo, o governo decide cortar de todo mundo. Já que estão reclamando dos critérios, eles não serão mais utilizados. Pronto. “A gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é investir na educação básica. Ouso dizer até que um número considerável não sabe sequer a tabuada. Sete vezes oito? Não vai saber responder. Então pretendemos investir na base. Não adianta ter um excelente telhado na casa se as paredes estão podres. É o que acontece atualmente”, disse o presidente. Avisou no plano de governo que iria focar na educação básica, está cumprindo o que prometeu. De repente, o corte de três era suficiente, agora precisa cortar de todas. Já vimos aí a falha matemática. Segurem as paredes!
Mas não, espera. Você piscou e mais uma bomba Bolsonaro lançou. “Ao menos R$ 2,4 bilhões que estavam previstos para investimentos em programas da educação infantil ao ensino médio foram bloqueados”, diz o Estadão de ontem. Lembrando que o corte das universidades foi de 2,2 bilhões. Ou seja, temos agora um corte ainda maior para o ensino básico. Fazemos novamente a pergunta. Qual a lógica? Para os que dizem “Ah, parem de torcer contra!”, eu digo “Ah, me desculpe. Vamos torcer a favor do corte na educação, então”. Para quem não está entendendo nada, das duas uma: ou esse governo não faz ideia do que está fazendo, ou é mais esperto do que imaginamos. Qual será o próximo capítulo da saga MEC (Ministério das Escolhas Cadavéricas)?
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