isto é o pedido desesperado de alguém que quer espalhar ainda mais a palavra desse anime
texto Victoria Lenoir
Publicado em 25.03.2021.
Primeiramente é preciso dizer que o presente texto tem caráter inteiramente enviesado. Eu não serei nada imparcial. Não sou crítica, muito menos especialista em anime. Esse texto foi feito por uma pessoa que fica completamente obcecada por algum conteúdo de entretenimento diferente a cada mês. E o desse mês é Shingeki no Kyojin, que na data de publicação deste texto está no episódio 75. Tirando isso do caminho, vamos ao texto.
Não sou uma pessoa que assiste animes. Nesses 20 anos de vida, eu só tinha assistido a dois: Death Note e The Promised Neverland (recomendo fortemente os dois). Nunca cheguei nem perto de um mangá. Mas aí, anos atrás, vendo um vídeo do EntrePlanos falando sobre Attack on Titan (nome em inglês de Shingeki no Kyojin) eu criei uma enorme curiosidade e fui assistir.
Olha, eu não passei do primeiro episódio. Me irritava a forma como Eren Jaeger aos seus 10 anos de idade berrava e chorava TANTO. “Meu Deus, que pirralho chato”. Porém, no início desse ano, eu e meu irmão decidimos assistir tudo e nossa vida praticamente passou a ser ficar na frente da TV sofrendo e torcendo por esses personagens.
Personagens. Esse é um dos pontos fortes de Shingeki no Kyojin. O anime é baseado no mangá escrito e ilustrado por Hajime Isayama, e conta a história desse menino, Eren Jaeger, e seus amigos, Mikasa Ackerman e Armin Arlert. Os três vivem em Shiganshina, uma cidade ao sul da muralha Maria. Muralha? Ah, sim. A humanidade vive dentro de três enormes muralhas que os protegem de titãs comedores de gente há 100 anos.
Um belo dia no ano de 845, as três crianças estão aprontando altas confusões em Shiganshina quando, do nada, uma explosão. E com essa explosão, isso aqui:
Um titã de 60 metros de altura, 10 metros maior que a muralha, surge e destrói o portão que separava os titãs da humanidade. E depois disso, a vida de todos, e principalmente a dos protagonistas, muda para sempre.
Eu não quero contar nada que vá estragar sua experiência, porque o choque ao ver tudo que acontece depois dessa cena é tão eletrizante que você não vai despregar os olhos da tela. Mas, voltando ao que eu estava dizendo, os personagens: o trio principal é extremamente traumatizado pelo evento. Eren, principalmente. E esse trauma vai fazer o menino de 10 anos tomar decisões cada vez mais duvidosas, potencialmente suicidas, mas que convergem para uma coisa, o maior objetivo do nosso protagonista: matar todos os titãs.
Armin e Mikasa são arrastados para essa missão porque não vão deixar o amigo sozinho, o que é ótimo. Armin é um gênio, Mikasa é uma arma letal. Os três resolvem se alistar como cadetes, e durante o treinamento nós conhecemos os personagens que vão nos acompanhar daqui por diante. Todos com personalidades tão bem definidas que você sente que os conhece há anos. Personagens interessantes, com princípios, cheios de bagagem emocional e muito, mas muito trauma. Eles podem não ter tanto destaque quanto o trio de ouro, mas cada um deles tem sua importância e vão evoluindo a cada novo desafio.
E os desafios são muitos. O mistério em torno dos titãs é angustiante. De onde surgiram? Por que alguns têm pele e outros não? Por que uns correm e outros só vagam por aí? Por que se regeneram? Por que alguns se movem em duas pernas e outros nos quatro membros? Como se reproduzem, já que não têm órgãos reprodutores? Por que comem humanos e não outros animais? Por que comem, se não têm sistema digestivo? Como os matamos? E por que alguns parecem ser inteligentes?
As perguntas são inúmeras. É desesperador. Você se sente à mercê desses seres monstruosos com aparência humanóide, tal qual a humanidade dentro das muralhas. E isso é o tempero perfeito para as respostas que você encontra durante o anime serem absolutamente saborosas. Cada nova descoberta é uma vitória. Um passo dos humanos rumo à derrota dos titãs.
Mas, na verdade, qualquer coisa que faça um titã perder para um humano é extremamente satisfatório. E as cenas de ação entregam isso de maneira tão, mas tão empolgante, que se você for emocionade como eu, com certeza vai gritar, bater palma, levantar do sofá, como se estivesse vendo um jogo de futebol ou um filme dos Vingadores em sala comercial no cinema em dia de estréia.
Os equipamentos que os soldados usam para lutar contra titãs são algo que eu nunca tinha visto antes em lugar algum. Toda, repito, toda cena que envolve o dispositivo de movimentação 3D é um absurdo, um deleite. E principalmente se essa cena envolve o capitão Levi (guarde esse nome). Isso fora as lâminas, os tanques de gás, e a técnica dos nossos soldados de apenas 15 aninhos. A destreza desses meninos e meninas é surreal. Você torce por todos eles. Torce para que não sejam comidos, torce para que não sejam esmagados. São nossos heróis. Cada titã abatido é um arrepio diferente.
E falando em soldados, as táticas de batalha (Menção especial para a primeira expedição do reconhecimento para retomar a Muralha Maria. [Temporada 1, episódio 17]) são tão inteligentes que eu fiquei boquiaberta. Se você assistiu Game of Thrones você sabe a raiva que dá quando aqueles que deveriam ser os mais geniais criam estratégias completamente burras. Isso definitivamente não acontece em Attack on Titan. Armin Arlert e o comandante Erwin Smith são os principais estrategistas da série e, minha nossa, é empolgante ver até mesmo a parte onde eles só estão dando a ideia do que fazer, antes mesmo de partir para ação. Mesmo quando dá errado, você se sente decepcionado só por conta da derrota, e não porque os personagens foram estúpidos.
Além das lutas, dos litros de sangue espirrado na sua cara a cada episódio e dos seres monstruosos, o anime tem um pano de fundo interessante. As questões de escassez de alimento nas muralhas, com coisas comuns para nós, tipo sal e carne, sendo artigos de luxo lá dentro; a diferença de classes, sendo os mais privilegiados aqueles que vivem na Muralha Sina, a muralha mais interior; a descrença da população nos soldados do Reconhecimento; fanatismo religioso representado pela Igreja das Muralhas; o descaso dos governantes com o povo e a crise iminente e por aí vai. Shingeki no Kyojin tem substância, tem complexidade, o que deixa uma história que já seria interessante por si só apenas pelas cenas de luta e de interação dos personagens ainda melhor.
Você definitivamente precisa assistir Attack on Titan. Sério mesmo, de coração. Essa é uma indicação de alguém que não assiste anime: se dê a chance de apreciar essa obra maravilhosa antes que ela acabe, porque a temporada final está aí e, confie em mim, você vai querer entrar para o time dos obcecados por SNK quando a próxima temporada de inverno chegar.
“TATAKAE”eren jaeger
o Comentários